O palhaço chora
Sem pinturas aparentes
sem sons estridentes
sem picadeiro, sem gente
sem aplausos
era um palhaço doente
dos furos da lona envelhecida
vê um mundo louco
na loucura da agonia
adormece a esperança
mas o sono, afasta-se cruelmente
rasga as cortinas do medo
vagueia entre tantos segredos
contempla o espelho turvo
das águas, outrora volumosas
espera os olhos que não o veem
encosta-se na encosta ribeirinha
aguarda, sem medidas,
os próximos acontecimentos
e o palhaço chora em silencio
ao raiar de um novo dia
fadado a trágicos tormentos
incontinentes, aves noturnas
são sua companhia !
e ele, ainda chora,
a rogar de um novo tempo !
o palhaço ?
o palhaço era eu...
nesta noite de breu,
de vazios acontecimentos
nesta noite de silêncios !
*
Muito obrigada pela nobre visita !