O palhaço chora

 

 

 

Sem pinturas aparentes

sem sons estridentes

sem picadeiro, sem gente

sem aplausos

era um palhaço doente

 

dos furos da lona envelhecida

vê um mundo louco

na loucura da agonia

adormece a esperança

mas o sono, afasta-se cruelmente

 

rasga as cortinas do medo

vagueia entre tantos segredos

contempla o espelho turvo

das águas, outrora volumosas

espera os olhos que não o veem

 

encosta-se na encosta ribeirinha

aguarda, sem medidas,

os próximos acontecimentos

e o palhaço chora em silencio

ao raiar de um novo dia

 

fadado a trágicos tormentos

incontinentes, aves noturnas

são sua companhia !

e ele, ainda chora,

a rogar de um novo tempo !

 

o palhaço ?

o palhaço era eu...

nesta noite de breu,

de vazios acontecimentos

nesta noite de silêncios !

 

*

 

 

Muito obrigada pela nobre visita !

 

 

 

 

 

Eny Miranda
Enviado por Eny Miranda em 26/09/2024
Código do texto: T8160672
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