Sóbrio
Tenho a mania de jogar as coisas
Para o alto. Meu ansioso sentimento
De ficar assim tão preso, nas salas,
Olhando da janela o firmamento.
Não tenho mais coragem para as festas
De agitações, daquele vil momento;
Tão triste tempo para mim, sem falas
Como se meu cais fosse n’outro porto.
Tenho coragem só de me deitar
E partir para um mundo todo próprio
Onde posso sorrir e lá sonhar.
O lugarejo é de fato sombrio,
Por vezes sonho que estou a chorar
Num pedaço de mundo nunca sério!