Carta aberta ao meu coração

Afogo-me no mar

De lágrimas salgadas

Sufoco-me, sem ar

No vácuo de suas mágoas.

Tão perto estava

E assim mesmo, fui distante

Tão longe estava

Que no teu conto, fui figurante.

Me perdi em minhas alegorias

Pensei, em ti, encontrei

Como uma novela de cavalaria

Um reino do qual não fui rei.

Habeas Corpus preciso

Para libertar-me dessa dor

Dói mais que dor no siso

Esse tão indeciso amor.

Ora me amas incondicionalmente,

Oras reclamas tão descontente

Me fuzilas com palavras silenciosas

Que me marcam, me deixam doente.

E após tantas risadas

Desata-te em lágrimas

Por tanto orgulho e comparação

Me perfuras com adagas.

Trituras o meu sentimento

Ceifas um pedaço do meu coração

Faz isso sem consentimento

Pois sabes que sempre terás meu perdão.

Naquele buraco profundo

Me desafio a refletir sobre o mundo

Que se você quisesse ir a fundo

Não me dirias para ir-me, então.