Solidão
Ah, irmã indesejada!
Presente na vida daqueles que guarda
Aguarda até que a defesa exposta
Fica baixa e espreita vagarosa
Não é como se não te esperasse
Pois sua presença é insistente
Não desejada, mas persistente
Latente e saliente!
Não me acostumo com tua companhia
Porque você aparece incólume
Na mais breve despedida
Das vidas recém partidas
Me disseram que devo acostumar a ti
Mas sinceramente? Deverias partir!
Não quero estragar essa relação em si
Mas verdadeiramente? Deverias fugir!
Espere! Não vá ainda com tamanha pressa!
Peça uma cadeira, pegue sua taça
Brinde comigo a devassa que ocorrera
Aqui, no peito dessa aflita alma
Pois no fim, é a sua fiel companhia que tenho
Não digo que te desejo, mas entendo
Que no meio da ausência de outros
Emerge sua presença nesse momento
De abandono, sofrimento e lamento
E nas taças vazias, nos salões, sem despedida
Onde o beijo secou e a alma quebrou
No aeroporto ou no metrô, o coração murchou
E aqui estamos mais uma vez dialogando
Em sandices e esbravejamento, gritos de lamento
De laços que se romperam e dores intensas
Em uma trajetória de queixas descomunais
26 de agosto de 2024, sobre taças de um bom vinho tinto seco!