TALVEZ EU SEJA MESMO

Talvez eu não mereça nada,

Nem estar aqui,

Levar muita porrada

E com isso me divertir.

Talvez eu seja mesmo

O resto do todo o resto,

A miséria em forma viva,

Um delírio em protesto.

Sou o fim mais trágico,

A coisa imperfeita,

Um pobre sorumbático,

De matéria nenhuma feita.

Talvez a vida mesmo

Tenha se incumbido de minha morte,

Aniquilado, desprovido de sorte,

Ando pelo mundo a esmo.

Caio em valas profundas,

De onde ninguém me salva,

Fico lá estendido,

Numa grande amargura.

Se eu sofro?

Nem sei mais o que é isso,

Eu apenas vivo tormentos,

Nunca verei o Paraíso.

Saio em busca de nada,

Pois é o que me resta,

Minha alma enlameada,

Pega tudo o que não presta.

E onde estou agora?

Em mais uma vala imunda,

Eu até tento ir embora,

Mas alguma coisa me segura.

Celso Ciampi
Enviado por Celso Ciampi em 09/09/2024
Código do texto: T8147488
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