O pote encostado

Às vezes, quando se imagina o amor

Parece ser o melhor que existe

Em juras, carícias, fidelidade consiste

Como um pote cuja é nítida a cor.

O olhar teórico o mais belo vem propor

Como um pote cuja utilidade persiste

Cujas às várias intempéries resiste

Como um pote cuja é nítida a cor.

Mas, ao se colocar os olhos dentro

Encontram-se poeira, rachaduras

Como um pote esquecido ao relento.

A nitidez cede espaço às áreas escuras

Como algo desgastado pelo tempo

Um pote cuja utilidade não se procura.

O olhar "de fora" sempre belo e límpido

Esconde a essência do que é o amor

A transformação mais intensa de toda cor

Pelo desgaste e rachaduras do que é íntimo.

Marcel Lopes

08/09/2024