Abrigo de solidão

Eu nunca acreditei no cavalo branco

Muito menos no príncipe encantado

Que nele vinha galopando

Eu não pedi por perfeição

Só um pouco de dedicação

Que não me abandonasse na escuridão

Porque não era abrigo de solidão

Se te amar fosse pecado

Eu mereceria ser condenada

Porque, mesmo não sendo crime,

Eu ainda estaria errada

Eleva minha alma

E me faz voar

Ao paraíso chegar

E à combustão encontrar

Então dai-me as costas

Para que da imensidão eu venha despencar

E nem o fogo do inferno poderia me esquentar

Espero que, quando pensa em mim, venha chorar

Dai-me de comer

Dai-me de beber

Alimente minha carne

Para que a alma venha morrer

Rogai por nós

Os desiludidos, pecadores mais que perdidos

Esquecidos no deserto

Onde nosso fim é tão certo

Se me machucar é minha condenação

Eu aceito a penitência por ter um grande coração

E sempre caio nesse tipo de ilusão

E aqui, no fundo do poço, rejeito salvação

Você destrói tudo que toca

E minha individualidade te incomoda

Não gosto de desistir

Mas ganhar é para por aqui

Essa indecisão me causa constipação

E na morte sinto a corrosão

Dos vermes na minha pele, devorando meus sentimentos

Escondendo meus tormentos

Esse é o ponto final de toda essa confusão

Finalmente sinto paz

E dentro dela, o prazer de não pensar mais

E a valsa da vida, não dançaremos jamais.

Shal
Enviado por Shal em 31/08/2024
Reeditado em 24/09/2024
Código do texto: T8140924
Classificação de conteúdo: seguro