Entre o ter e o não ter
ENTRE O TER E O NÃO TER:
TENHO ÂNSIA POR MIM MESMO
Não me faça grande e nem pequeno
Não me engorde com suas palavras
Não me penetre com seus pensamentos
Não me absorva de suas condenações
Não me castigue pelos seus erros
Não me aprisione em suas ponderações
Me fiz indigno de mim mesmo
Me fiz escravo desta condição
Hoje abro por completo o meu peito
Hoje me perdoo por minhas inquietações
Sou eu o eu que ainda sou
Sou eu o lacaio e também o senhor
Até caminhar para não ser
Até esquecer a mim mesmo e a você
Assim sinto a leveza do acontecimento
Assim modifico o meu próprio tempo
NÃO TENHO ÂNSIA POR MIM MESMO
Faça-me grande e não pequeno
Engorde-me com suas palavras
Penetre-me com seus pensamentos
Absorva-me de suas condenações
Castigue-me pelos seus erros
Prenda-me em suas ponderações
Fiz-me digno de mim mesmo
Fiz-me livre desta condição
Hoje fecho por completo o meu peito
Hoje não me perdoo por minhas inquietações
Não sou eu o eu que ainda sou
Não sou eu o lacaio e nem o senhor
Até permanecer sendo
Até lembrar de mim mesmo e de você
Assim não sinto a leveza do acontecimento
Assim não modifico o meu próprio tempo
* * *
Entre a oposição de dois lados semelhantes,
Entre o encontro de dois seres viajantes,
Seguimos o mesmo caminho, pisando no mesmo espinho, mas somente tu cicatrizas rapidamente, somente tu sabes se aprimorar enquanto sente.
E o que cabe a mim na minha condição?
É esperar pouco a pouco e realizar sempre as minhas meditações, porque a vida não poupa quem muito demora e também não molesta quem se mantém atento à hora.