Um Doce Engano
Quando criança, tinha ilusões aos montes,
Como toda criança, vivia em horizontes
Onde o mundo era perfeito, um lugar mágico,
E tudo ao redor era doce, nada trágico.
Com seis anos, já entendia as mãos,
Que pegavam sonhos e encantos que vem e vão.
Acreditava no doce que passava na mão.
Daquele vendedor ambulante, que me vendera ilusão.
Pobrezinha, eu não sabia o que era certo,
Mamãe sempre se enfurecia, o coração coberto,
Pois batatinhas nunca foram tão fáceis de achar,
E o doce grátis era apenas o começo a amargar.
Com oito anos, comecei a perceber,
Que nem tudo eram flores a se colher.
Que nem tudo se podia ver.
E a vida, às vezes, era difícil de entender.
Falar era um desafio a encarar,
Entender, como de um precipício saltar.
Quem me dera poder esquecer.
Uma ilusão, eu achei que fosse,
Como aquelas da infância, tão doce.
Onde ninguém dava importância,
Quem me dera, fosse só lembrança.
Quando adolescente, comecei a entender,
Nada era como os filmes a me entreter.
Não havia musicais, nem bailes de inverno,
Só moleques no ensino médio, um verdadeiro inferno!
Aos dezessete choquei-me ao descobrir.
Psicólogos não eram como os seriados que assisti?
Sem cadeiras acolchoadas me esperando?
Nem um senhorzinho de óculos anotando?
Era tudo tão clinico e sem cor.
Como um hospital, sempre carregando dor.
A faculdade me espera, não aguento mais chorar
Uma nota alta devo alcançar?
Onde estão as bolsas e as notas boas?
A vida me enganou e me engana.
Viverei sempre em ilusões, perdida numa grande teia de expectativas tolas.