Disfarces

De belezas e manhãs, de manhas e calmaria, a noite venceu o clarão.

E toda clareza de bela, o passarinho feliz, o cantar emudeceu.

Enquanto sorrio, invento letras, morro um pouco a todo instante.

Tombo na tarde junto aos montes que disfarçam em silêncio.

A paisagem omitiu a dor, a feiúra da lágrima.

Homens choram atrás de cortinas vãs.

Os girassóis de meu quintal estão mais tristes, amarelos de insistência.

Insisto cantar florais, entôo poemas de partidas.

A gaivota chorou à morte da presa fraca.

Aquele sol de matutino foi só esboço de um deus.

Ouvi uma canção que falava de amor, era só um trocadilho.

De cada janela, observa se o quintal alheio.

O jardim de meu vizinho está mais florido.

De belezas e manhãs...

João Francisco da Cruz