O Infeliz Pretérito Imperfeito

É o fim do que era,

Não se completou,

Terminando assim.

É o destino que erra

Algo que começou

E inconcluso ficou,

Porém tendo um fim.

Chego a pensar,

Com tamanho pesar:

Quão melhor seria

Se isso nunca tivesse

Sido aquilo que um dia

Jamais chegaria

Ser o que poderia

Como se o pudesse.

Ou será que daria

Pra ter sido bem feito,

Tal qual o pretérito

Mais-que-perfeito.

Mas foi patifaria

O que dele fizeram

E por isso lhe deram

Um nome tão feio.

Antes fosse sem fim,

Chegando ao presente,

Aí, sim!

Com futuro pela frente,

Seria, assim,

Um legítimo gerúndio,

De ação permanente.

Não aquele estapafúrdio

Gerundismo tão jocoso,

Que “vai estar prometendo”,

Só que é sempre mentiroso.

Mas se o futuro desse pretérito

Fosse além do presente,

Sem o autoritário imperativo

Ou o duvidoso subjuntivo,

Nem mesmo de passado perfeito

Qualquer indicativo ele teria.

Pois estando tão afeito,

Com efeito, eu diria:

Ele tem todo o mérito!

Mas com tudo já desfeito,

Ficou somente no pretérito

Com o final imperfeito.

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Phil Sophos

Seis anos após um 18 de maio

"Les yeux sans visage"