POBRES MENINAS
POBRES MENINAS
( a todas as meninas da noite que habitaram, na minha terra , a minha juventude)
Pobres meninas, que caminham
Sorrindo da vida, embaixo da chuva,
Sonhando com o sol que se esconde no fundo do céu
Fugindo do mundo, montado em uma nuvem.
Pobres meninas que sonham alegres,
Sorrindo, para a vida, que nem começou.
Pobres meninas tão brancas, tão alvas,
Que parecem bonecas fugidas do sonho
Que nem mesmo sonharam.
Pobres meninas, tão novas, tão lindas,
Que embalam ilusões de paixões tão febris
Sem saberem, ao menos, o que é o amor.
Pobres meninas-mulheres que não foram crianças
Que não tiveram brinquedos,
que já nasceram, atiradas na luta da vida.
Pobres meninas-mulheres que não brincaram de mancha,
Que não pularam sapata,
Que não fizeram ciranda e
Que a branca de neve esqueceu de dizer-lhes
Que o reino encantado existe, de fato, tão perto daqui.
Pobres meninas - mulheres crianças
Que trazem em seus rostos a triste amargura
De uma vida tão longa recém começada...
E, tão perto do fim!