Fantasmas
Quando o tempo não quer dizer nada,
procuro um revólver,
uma faca,
um punhal.
Não acho.
O relógio já sequer tem ponteiros.
Queria uma droga bem forte.
A carruagem poderia passar
por sobre o meu cadáver.
Todos meus inimigos
jogando flores na minha lápide.
Já pensei até numa Terceira Guerra Mundial.
Já não há impérios a dominar.
Só quero o poder do tempo,
que rege a vida da gente!
Parar o tempo no ontem
para não ter que viver o presente!
Hoje, quase nada mais me resta!
As palavras...
As palavras não significam nada!
Mais uma noite,
menos um dia.
Já não posso mais ver a imensidão deste mundo.
Já não sinto o passar do segundo
e não creio mais no amanhã.
Talvez nada signifique tanto
quanto a escuridão que admiro.
Poderia lhe descrever este momento
contando das paredes frias
e do silêncio mortal,
mas ainda ouço o som desta caneta.
Meus fantasmas acordam comigo
e, leem o jornal.
Eles me dão bom dia.
Sorriem no espelho
e me acordam para viver o pesadelo.
Vejo olhos de quem grita sem ter voz.
Desespero.
Me mostram vidas vazias,
que habitam em nosso ser.
Meus fantasmas puxam a cadeira e me olham...
Alguns chamam meu nome.
E eu?
Eu só quero o poder do tempo.
Parar o tempo no ontem
porque este poema sente.