Inverno de Amor
Inverno de Amor
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Quebrei o silencio imaginário
Que acabrunhava em meus dias
E sorvia a magia das noites minhas
Calando fundo em meu peito
Cortando feito aço, congelado abraço
Compondo rimas sem gosto e sem calor
Em face do antigo e nobre gesto
Do já tão esquecido velho amor.
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Inverno gélido, já não sinto teu calor
tudo de belo, apagado, ali jazia
enfeitando de flores secas e toscas
no véu arrastado de minha Ave Maria
apagando os sóis de luzes foscas
acendendo a esperança vazia
que quedava-se ali, inerte em dor
Naquele frio inverno, nosso elo morria !.
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Seria o mais belo inverno do amor
mas eu ignorava, nem de longe sentia
Transformara-se, todavia, em desamor
E o mais belo elo...entre nós morreria
Antes, nossos passos eram cobertos de cor
Agora, em fracasso, nossas imagens frias.
Soprando ainda, em agreste ventania
prendeste-me na mais profunda trança.
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Da bela façanha, inquieta maestria
das notas mestras e repletas de agonia
Entristecida com tamanha mudança
ganhando o último sopro no final do dia
desenhava nos umbrais, todas as danças
salvando as sobras do desejo que existia
o final daquela eterna magia...em aliança
assim, fez-se o fim, da melhor doçura minha.
.Eny M Miranda – Dir, Aut. Reservados