Subejo
Há quanto tempo não lhe vejo?
Não sobra tempo pro café
Ontem a noite tive um pesadelo
É necessário algo para nos manter em pé
A fome continua obscena
A cena da civilização
Deixamos aldeias despatriadas
Em detrimento de um projeto nação
Que até agora ninguém entendeu nada
No final ganharemos terra na cara
Esse é processo da nossa “grande” evolução
O bicho está solto
Comendo lixo nos becos da cidade
A mesa está posta
É postada nas redes da mediocridade
Na escola falta merenda
Nos governos, humanidade
Eu me contentaria
Com uma porção de rebeldia
Misturada com alguma teoria
Que matasse a fome dos sonhos sociais
Os mesmos que agora morrem de inanição
Quando aprenderemos a lição?
Do sonho só resta o subejo
E o desejo virou deserto
Tudo é incerto
Faminto e flácido
O horizonte é um supermercado cheio de vazios na promoção
Quando venceremos a inanição?
Porque não superamos essa desumanização?