CHEGADA AO CLAUSTRO

Chego sempre às oito da noite

Trago comigo a minha existência e meu cachorro

A minha casa aparece como um sonífero

E minha dor é única...

Olhando para minha vida,

Reflito e distingo dois momentos:

O que fui e o que não serei,

Deste último é que mais temo,

A minha degradação em si mesma

Vanglorio-me de ser o mais aflito,

O mais miserável dos seres

E para me me entorpecer e esquecer que sofro,

Esse exercício às vezes torna-se inútil,

Pois o despertador sempre toca às cinco da manhã,

E o cheiro da fábrica ainda me faz operário.