MARASMO PROFUNDO
Ainda restam algumas palavras tristes
Ainda sou um pequeno poeta querendo ser
Uma grande estrela meio a escuridão.
Mas a escuridão não existe!
O que existe é o ângulo
Primado por este ou aquele ponto de vista.
O ponto de vista de cada um
É o somatório de suas experiências
Adquiridas durante a vida.
Não conseguimos entender a
Algumas palavras simples,
Mas simplesmente ignoramos o real
E a estrela que existe em cada um se apaga.
São enforcadas todas as possibilidades
De termos uma pequena luz
Na escureza da vida.
Somos a quem não se mata
Mas somos mortos por eles
Mesmo assim continuamos firmes
Buscando palavras simples
Para dizermos o que sentimos por dentro.
Sou uma gota de sangue no rosto inocente
Sou a palavra sem som a ser pronunciada
Naquele discurso que não existe
Sou um pequeno poeta que anda triste
No meio dessa multidão
Que vive outro momento
Bem longe daquela ilusão
Que havia impregnada no ser
Que hoje nem quer ser,
Devido à falta de gratidão.
A ingratidão é tudo que nos resta.
A falta de reconhecimento é o prato do dia.
Nem a esperança é algo que presta,
Pois falta-lhe um porre de poesia
Que seja capaz de sacudir o mundo
E tirá-lo de marasmo profundo.
Campinas – SP, 2022.