PAREM!
Ah, parem de me jogar de um lado a outro,
Como se eu fosse uma bola qualquer!
Dizem querer minha companhia,
Mas não me dão atenção sequer!
Usam-me quando precisam,
Me dão tudo o que peço,
Depois, tiram mais do que deram,
Nesse vai e vem tropeço.
Procuram por mim nas dificuldades,
Colocam todas elas em meu colo,
Quando resolvidas,
Jogam-me ao solo.
E eu, como um cão vadio,
A procura de carinho,
Ainda rodeio a todos,
Como se fossem cadelas no cio.
Sou posto para fora,
Não ganho nada,
E a vida vai embora,
Que se acabe, desgraçada!
Sem vergonha na cara,
Nem um pingo dela,
Pois a perdi faz tempo,
Desde que pus a bunda na janela.
Passaram a mão nela toda,
E ainda beliscaram,
Só não passaram outras coisas,
Sei lá, porque não gostaram?
Parem, ou eu paro!
Eu parar? Vejo graça.
Já não tenho amparo,
Nem no banco de uma praça.
Um dia tudo muda,
Talvez eu tenha algum valor.
Quando fecharem as portas da vida,
Falarão de mim com algum amor...
Depois, voltarão ao seus jogos,
Abusarão de outros trouxas,
Só querem mesmo o poder,
E que o resto se exploda!