Calendário

No sorriso de fumaça, que o tempo apressa, desliza de rosto, choro de findar.

Na terra de ontem, aqui jaz, o sol eterno.

Nas letras minhas, escrevo saudade, curva de estrada, fim de amarelo e vespertino.

A menina meiga perdeu o sorriso e virou semente de dor, pariu na noite seguinte.

Guardou nas gavetas de traças, noites sem lua.

E teima como ribeiro de deserto, o curso, fio pequeno.

Enganou o calendário, a data que maquia, a ruga funda do ancião.

As flores disfarçam bem, passarinhos complôs, nos galhos.

O dia sepultou o raiar na montanha, amanhã é um esboço de papel e uma pintura de molde morto.

Vão e passam os ventos da terra, o moribundo está vendo o fim do mundo.

O filho da jovem moça, está arcado em dias.

A velha contou vantagem de eternidade,

Calendário, uma casa na lua ,a invenção do novo sol.

Um baú que guarda a morte, o retorno do rio.

A caixa que esconde a vida e um circo.

No sorriso de fumaça...

João Francisco da Cruz