Cabeças de Peixes Decapitadas São Mais Sinceras do que Poemas

E tão logo sinto o zinco

Dançando pelas frestas dos dentes

Enferrujando crenças que nunca tive

Proferindo lugares que não são mais meus

A histeria é também um destino e uma destituição

Entre os sorrisos que se arrastam para ninguém específico

Uma performance sem palco, público ou teatro

Caí de mim o fruto que Prometeu esquecera: A Linguagem

Meu lugar especial é uma refinaria

Onde minha boca moldaria a memória

E assim, te traria outra vez a vida

Cada vez mais caricata que a última vez

Há uma graça titã descobrindo

Todas as vezes que eu costurei

Por entre intervalos, os desvios

Que exigiam respostas curtas

Algum ser procurando por crises

Revira meu estômago, revira minhas moedas

Suspirando diabos e perfumes alcoólicos

Para cada miolo de pão que é engolido

Não há autor que o assole

Não há afirmação que o padeça

Não há promessa que o acuse

Não há crime para dividir culpa

Apesar do interesse por seu amores

Castelos de vidro o escodem e o ecoam

Para a hora mais singela da noite

Erguidas comandas ao meu louvor: Vazio

Onde se risca a vida, há pálpebras

Instruindo línguas de prata com gosto de infância

Onde se começa a vida, há lírios com gosto de plástico

E no fim, são os olhos de peixes que escondem dilúvios