Tempos de algozes

Dormi um sono, bem breve, como o sol no inverno do norte.

Vi um menino correndo, um sorriso de inocência e brinquedo.

Haviam calçadas de pedras, um arvoredo de praça, e uns sorrisos de homens.

Como num cume alto, habitara a felicidade, e todos notavam.

O olhar do velho, a meiguice da menina, a docilidade do rapaz.

Vi um Sol de beleza, entre montes não mais existentes.

Num piscar de olhos, o relógio mentiu, um frio de alma perdida, acordou me.

Adentrei na realidade de um pesadelo, era tudo tão normal.

Medonho o medo, da estrada nada florida.

Aquele quadro velho era bonito, de um encanto de moldura.

Nesta estrada de tortura, de vida e bem vil clausura, vi a tristeza no semblante da criança.

Uma nuvem apagou a cor do arco íris, murcharam os girassóis.

Derreteu se, como cera nova, os dias belos de amor, o canto do pássaro, o encanto do passado, o meu sonho de menino.

Dormi um sono...

João Francisco da Cruz