Não Estou Pronto
Enquanto a chuva cai lá fora,
Aqui, estou refletindo,
Ouvindo a chuva caindo
E o tic-tac das horas.
Neste quarto em que me encontro,
O passado me visita
E, deixando minh’alma aflita,
Penso que não estou pronto.
A noite é fresca e branda.
O clima é de nostalgia.
Mas meu pensamento cria
Assombrações em ciranda.
A lembrança é como faísca
Que acende e logo se apaga,
No espaço se propaga
E o meu olhar nem pisca.
Surgem os amores que tive,
E eu não soube tratá-los;
Em seguida, num estalo,
Uma fagulha em crise.
Quando a fagulha se acende
Queimando o meu coração,
Faz borbulhar a emoção
Por este amor que me prende.
Sinto e vejo, claramente,
Em um lampejo de brilho,
A mãe segurando o filho
Em um passado recente.
É um sentimento que inflama.
Estranho fogo que queima.
O meu pensamento teima
Em manter acesa a chama.
Não deixarei que se apague,
Para brilhar no futuro.
Vendo meu filho seguro,
Estarei pronto; Quem sabe?!