Paraíso Efêmero
Em seis dias,
Deus completou o céu e a terra.
Em menos de uma semana,
Filipe, Israel, Matheus e Vinicius foram embora.
Tudo que toco, destruo.
Tudo sobre o qual me aproximo é intenso e curto.
Senti isso quando fomos à praia.
À beira do mar,
eu o filmava lavando seus pés na água.
Você era a musa, eu era o escritor.
Você sorriu e me chamou de amor.
Foi quando mergulhei em seus olhos de criança brincalhona e esperei a maré o levar.
Pois mesmo em um paraíso privado,
entre o Tigre e o Eufrates
Você não era meu para durar
Ainda o guardo na memória
Como costumava guardar suas conchas
Sem pretensão de devolvê-las ao mar
Tal como guarda minha blusa xadrez
Pois ela o lembra da primeira vez
Quando em mim havia novidade
Sentados à orla com a maresia entrelaçada como véu diante aos meus olhos tenros
O "para sempre" era uma verdade
Mas o amor é uma espada cravada à rocha
Cujo a lâmina é indigna das minhas mãos
As mesmas que sepultaram meus ossos
E cada garoto que despedaçou meu coração
Cativos no jardim sombrio da minha memória
Onde repousam os destroços de cada efêmero paraíso de ilusão