CONTRADIÇÃO DAS GERAÇÕES
Análise fria e calculada
Pode ser a solução,
Mas por aqui,
Nada disso não!
Pacote feito,
Todo enrolado,
Cabeça parafinada,
Cabelo todo esticado
Bundinha cheia de ideias,
Ideias sobre bundinhas.
Coisa do passado é caretice
Ou mesmo grande babaquice
Extrapolando pelos lados
E daqui eu registrando isso
Falando feito um quadrado.
Dou outro lado de tudo o que penso que penso
Tudo já foi pensado para ser a voz do povo
Que não precisa nem se esforçar
Para um pouquinho pensar
Uma vez que pensar dói à cabeça
E machuca muito o corpo
Acostumado à maciez da vida
Imposta pelo mundo atual
Cheio de etecetera e tal
Que se mistura no carnaval
Pobres de outros compartimentos
Ao barão do canavial,
Já que tudo é festa
Nesse mundo tão banal.
Hoje sou escravo do capitalismo
Trabalho o dia inteiro para sustentá-lo de forma viril
Sou o capacho deste belo Brasil
Lascado de maneira mil
E não posso nem reclamar
Por que senão “falo demais”
E isto não traz a paz
E não deixa o homem capital
Viver de forma sensacional
Nesse paraíso tão desigual
Por isto devo ficar quieto
E ver o bonde passar,
A boiada ir à Nova York fazer compras,
A outra ao shopping popular comprar imitações
E se esbanjarem em seus mundos de ilusões,
Aqui registro o mundo dos espertalhões
Mas nada posso dizer
Porque é pecado capital
Falar deste inferno astral
Em que todo mundo quer ser igual
Nesse país carnaval
Onde a palhaçada sem graça
Espalha-se numa praça
E assim sigo com raça
Escrevendo algo que faça
Esse povo pensar um pouco mais
Contra estes malfeitores
Que desgraçam a vida de todos nós
E ainda posam de santinhos...
Jericoacoara – CE, 2014.