sobre (não) ser o favorito de Deus

Sem qualquer olhar atencioso,

Sem favor do entes celestiais,

Sem torcida d'outro mundo,

Sem receber amor profundo,

Nessas andanças marginais...

À beira-mar, deixado naufragar

No breu imersivo do abandono.

Sem morrer, vive sem respirar.

Deleite é desistir, pegar-se

no sono...

E sonhar em paraísos encantados,

Em campos verdes, músicas novas,

Pessoas amigas, dedicam-lhe trovas,

E de Deus ser um Bem-aventurado!

E os astros o acolhe, dádivas a ti.

E as divindades sorriem ao vê-lo

E o universo deseja-lhe sorte a ti,

Pois grato está por recebe-lo!

Porém sou um comum transeunte

E Deus não me fez, não quis saber.

Vago bravo, ébrio, no cinza do viver

Sem ter ente que de mim pergunte.

Mas sou teimoso e vivo de esperança!

Pouco armado, batalhando cavaleiros!

Derrotando os amados Dele, na dança!

Às margens do universo, um arruaceiro!

E os celestiais estão descontentes!

Aí de triunfar sobre seus favoritos!

Um solo marginal entre os viventes

Vencendo no braço os preferidos!

(Mas tudo isso é mentira)

(Fantasia dos "de vez em quando")

É mesmo, sou um comum transeunte,

Agora eu relembrei: sou esquecido,

Sem santa que interceda, indecidido,

Sem ter ente que de mim pergunte...

Diógenes Romã
Enviado por Diógenes Romã em 21/05/2024
Reeditado em 21/05/2024
Código do texto: T8068169
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