sobre (não) ser o favorito de Deus
Sem qualquer olhar atencioso,
Sem favor do entes celestiais,
Sem torcida d'outro mundo,
Sem receber amor profundo,
Nessas andanças marginais...
À beira-mar, deixado naufragar
No breu imersivo do abandono.
Sem morrer, vive sem respirar.
Deleite é desistir, pegar-se
no sono...
E sonhar em paraísos encantados,
Em campos verdes, músicas novas,
Pessoas amigas, dedicam-lhe trovas,
E de Deus ser um Bem-aventurado!
E os astros o acolhe, dádivas a ti.
E as divindades sorriem ao vê-lo
E o universo deseja-lhe sorte a ti,
Pois grato está por recebe-lo!
Porém sou um comum transeunte
E Deus não me fez, não quis saber.
Vago bravo, ébrio, no cinza do viver
Sem ter ente que de mim pergunte.
Mas sou teimoso e vivo de esperança!
Pouco armado, batalhando cavaleiros!
Derrotando os amados Dele, na dança!
Às margens do universo, um arruaceiro!
E os celestiais estão descontentes!
Aí de triunfar sobre seus favoritos!
Um solo marginal entre os viventes
Vencendo no braço os preferidos!
(Mas tudo isso é mentira)
(Fantasia dos "de vez em quando")
É mesmo, sou um comum transeunte,
Agora eu relembrei: sou esquecido,
Sem santa que interceda, indecidido,
Sem ter ente que de mim pergunte...