Cinzas do Tempo
Olhe, meu coração, não suspire forte
o meu ar docíssimo exalta os amanhãs de outono.
Fuja de o mesmo exaltar
das sabedorias concretas e desarmônicas.
Rogue aos atentos ventos do clamar
as desesperanças enaltecidas só a noite.
Desilusões escrevem histórias fantasmagóricas.
Página por página minha poesia é lida, relida e esquecida.
Esquecidos são os mortos?
Os meus amados ausentes, jamais.
A alma tísica se concentra na dor
soluço e pranto,
caem ao chão as riquezas fugazes
e a tampa fecha para os vívidos horizontes.
A boca se cala,
os olhos não iluminam mais,
as artes que um dia deram lucros
forjados pelo sangue e pela sabedoria,
retornaram a cinzas
as fatídicas cinzas do tempo.