AMOR AGONIZANTE
Ai, pelo nosso amor agonizante
E que por um instante se questiona
Se não foi em vão.
Por Deus!
Quanta mágoa adormecida,
Sufocada nos travesseiros;
Quanta prece dirigida
A quem se fez amante primeiro;
E quanta praga, meu Deus,
A quem se fez sócio depois.
Abortei-me da tua vida, melhor assim;
E ainda que divida a cama,
Não durmo mais contigo;
Sento-lhe à mesa,
Sem comermos juntos;
Abrigamo-nos no mesmo teto,
Mas em mundos distintos.
E assim o fim de tudo pressinto,
E cirzo o luto; e choro o adeus.
E se acaso alguma esperança ainda tiveres
Por favor, desista, pois o nosso amor
Morreu.