entrega
às vezes...
abrir as mãos
e deixar escorrer
os cristais mais preciosos,
embanhar a espada, abandonar a luta...
às vezes
admitir que certas coisas
simplesmente não podem ser,
deixar morrer as esperanças
impossivelmente vivas...
sacrificar a ilusão leve, intacta
para se ter de volta
a vida quebrada, errante, e imperfeita
mas divinamente tua
e somente tua...
aceitar que certos amores não são para ti,
que certos milagres não virão
independente de quanta fé exista em teus ossos
deixar morrer o que está selado
por forças maiores.
há curas que são pura
aceitação da dor.
há salvações que são feitas
de nada.
às vezes é necessário
afastar-se
e permitir que tudo flua
por mais injusto que seja...
às vezes...
render-se é tão necessário
quanto continuar.
não é tolice.
é a vida.
não é desistência.
é maturidade...