Perdida
Perdi-me enquanto estive sozinha
Durante alguns meses de insatisfação
Por descuido tornei-me instintiva
Permiti desabrochar em mim a ilusão.
Não esqueço das palavras ardilosas
De quem vive a ludibriar os outros
Carrego em mim a culpa dolorosa
De ter acreditado num ser monstruoso.
Fui tonta, eu sei, que decepção!
Tinha-me refugiado ao mundo ordinário
Os fatos bloquearam minha intuição
E fizeram de mim um ser detestável.
Mas há de ter alguém compreensivo
Que acredite na minha declaração
De que às vezes errei sem desígnio
E com tudo, garanti essa revelação:
Ser excêntrica não é minha pretensão
Apesar de uma vida simples e normal
Estou em harmonia com a minha introspecção
Pois não me ajusto a esse cenário banal.
(2014)