Segredos

Quanto tempo eu vivi guardando os meus segredos,

Em silêncio, no fundo dos meus pensamentos,

Com o coração na plenitude de seus ledos,

Na forma de poesia, os espalhei aos ventos.

Quando o sorrir dos olhos ofereciam encantamento,

E eu me estremecia, paixão de criatura,

Buscava a minha alma juntar os meus fragmentos,

Hoje os meus olhos se deleitam com qualquer formosura.

Pois assim fui passando, em silêncio, pela vida,

Ora no escurecer da noite, ora no romper da alvorada,

Ventos contrários eu fui levando de vencida,

Os velhos segredos, para mim não são mais nada.

Então, não conte o tempo os anos que vivi,

Não denunciem as estradas os lugares por onde andei,

As cicatrizes não mostrem as dores que sofri

E nem meu coração revele a quem amei.

Porque daquela poesia, espalhada pelos ventos,

Que inspirava aos meus olhos a tua formosura,

Restaram apenas alguns ressentimentos,

Lembranças dos segredos desta pobre criatura!

Publicado in: "EU, primeira pessoa do SINGULAR, p. 13, 2024. UICLAP.

Adelgício Ribeiro
Enviado por Adelgício Ribeiro em 26/04/2024
Código do texto: T8050568
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