Inquieto coração
Como um alazão desembestado
Você escoiceou até cansar
Fomos juntos numa aventura
Amedrontadora, hoje sei
Em determinado momento
Parei de correr
Foi difícil aceitar.
Me acomodei, mesmo contrariada
Fiquei à sua mercê
Fui e voltei algumas vezes
Encarei meu abismos nos olhos
Num pesadelo único,
Constante
Enquanto você vagava
Pelo mundo inteiro
Sem sair do lugar.
Deste inquieto coração
Ouço os roncos ásperos
As reverberações dolorosas
Os chiados roucos
Entre sonhos e buscas
Sobrou cansaço e frustração
Catei palavras que não proferi
Como quem cata conchinhas
Proibidas do mar
Estiquei o corpo inteiro
Em ato reflexo para agigantar-me
Porém, esse pedaço de mim
Cada vez mais se afastando
Levou os dias, as horas, as semanas
Saudades, alegrias
Venci a longa estrada, sim
Todos os íngremes caminhos
Contornei os acidentes geográficos
E senti de perto a eternidade.
Senti-me fragmentada
Depois multiplicada
E por último subtraída.
Nada a mim foi somado
Achei de bom tom, então
Fazer um acordo com ele
Eu estava em completa desvantagem
Com as mãos pro alto
Pedi uma trégua
Agitei a bandeira branca
E ele prometeu acalmar-se
Parar de corcovear
Ficar quieto por enquanto
Até quando? Não sei.