Inquietude
Havia um pequeno barulho em mim, um ruído quase enferrujado, um estampido num longínquo espaço escuro, abafado.
Havia uma inquietude em mim, uma falta de sono, um abandono, um até mais.
Haviam coisas em mim que não estou disposto...
Há um rosto, um gosto, uma voz.
Algo veloz maior que eu, algo que me atropela na mansidão das coisas que não faço, dos beijos e abraços que esqueci de dar a tanto tempo.
Dos problemas na gaveta, das facetas do meu pequeno eu, diminuído a uma existência que promete e promete e no amanhã nunca faz.
Sinto me morto dentro de mim, carregando meu corpo entre os dias, esperando que alguma rebeldia me revolte o bastante a ponto de por em choque. E fazer o meu peito de novo pulsar e o sangue ferver e as veias corarem e o sorriso surgir.
Falta uma paixão, uma briga, uma confusão pra me tirar dessa inércia.
Dessa tediosa paz que invento enquanto não faço nada, enquanto envelheço no relento.