Cansado
Cansado.
Certamente, sobrecarregado, e não falo do físico...
Afinal, nunca fui muito forte, e novamente, não falo do físico.
A sobrecarga se expande, e atinge os pontos mais distantes da alma.
Cansado.
De sempre tentar escolher, e nunca, nunca ser o escolhido.
Desgastado por tudo aquilo que não foi, nem será vivido.
Certamente, sobrecarregado, de sempre ser o caminho, mas nunca, nunca ser o destino.
De correr, nadar, espernear... e nunca, nunca sair do lugar.
Cansado.
De sempre ser o jardineiro, mas nunca, nunca o jardim.
E minhas mãos, que em rostos alheios são macias, aparentam ter espinhos em formas de calos, toda vez que tentam enxugar minhas próprias lágrimas.
Fracasso.
E se mar calmo não faz bom marinheiro, qual o sentido de atravessar o oceano, se isso custar a carcaça da minha caravela?
Cansado.
E quantas palavras serão necessárias para vocês perceberem que o silêncio sempre continuará sendo o seu maior aliado?
Silêncio aos tolos, aos falsos sentimentos e aos que oferecem falsa companhia.
E por isso sigo, calado, e sobrecarregado... e de fato, cansado.