Quais serão teus pensamentos?

O ato de compreender

É tão ou mais importante

Que o fato de te dizer

Aquilo que no final

Parece que não foi dito

Apesar de parecer

Não equivale ao escrito

Centelha de vida

Orelha mouca

Pouco divaga, ideia vaga

Ovelha que bale, diz mais

Quais serão seus pensamentos

Creio eu, serão iguais

Se pouco puderes

Deixar os teus pés flutuarem

Ao ouvir a voz do vento

Pedir pruma estrela o desenho

Se não tenta entender

Que, apesar do alicerce

Os céus se movem

Fecha os olhos pra enxergar

A arte de menino arteiro

Em parte foi, talvez, a única

Que me creditaram por inteiro

Há muito tempo

Aquela parte

Sobre dizer o que não foi dito

Que te é ilícito

Que te não parece implícito

Que cresce como o cinzel

Que desvenda o vulto

Oculto a sorrir-te

Detrás do monólito

Num grito inaudível

Lançado ao possível

Este acorrentou-se

Aos braços do impossível

E lá permaneceu

Deus, que prescruta-lhe a alma

Bem sabe...

A ovelha que bale, diz mais.

Edson Ricardo Paiva.