Partir...
Poderia ser uma poesia sem nome
Estranhamente surgiu na minha ideia
Antes mesmo de tais palavras descorrerem no papel.
Fico tentando dar um contexto uma emoção ao partir. E ecoa um silêncio um vazio no quarto e parece que os móveis desaparecem e tudo fica branco ao meu redor. Sem o ruído da vida lá fora a branquidez me aprisiona num mundo que já não existe.
Ficaram as tuas roupas no guarda roupas com o teu cheiro e a casa organizada da sua forma, faltando o seu café na mesa a tua risada pela manhã a sua proteção.
E eu já senti esse partir conheço bem essa dor. Tem também aquele partir de quem não morre, mas se mata na vida da gente e ter que calar o que se quer gritar é duro, atroz.
(Machuca a boca o amargo o gosto o véu e tem gosto de fel.)
Tudo parece partir em mim nesse ano, tudo parece ruir e nos escombros não sei se procuro sobejos dessa vida sem jeito.
Ou se refaço meus passos num outro lugar.
Seu partir me faz querer partir mudar os áres e renascer dessa fragilidade em que me encontro, como um transe translúcido com a cara batendo no sol e a vida me socando na nuca.
Eu parti...