Minha Estação
As folhas caídas no chão
Cadáveres outonais
Orvalho último da esperança
Onde decerto não há quase nada
E quanto mais se repetirá
Essa eterna jornada?
O vento ameno dá adeus ao calor
Prediz o inverno, outro inferno
Mas pelo menos o frio é certeiro
Derruba o forte e o fraco
E nada resta, nada nem ninguém
Pelo menos não por inteiro
Em toda ausência surge a miragem
Ou outra febre, não importa
Sangue quente jorra pela aorta
Tinge rubro as folhas caídas no chão
Lá longe talvez chegue a primavera
Lá longe, bem longe, o verão
Em todo caso, é só mais uma ilusão