Queimando livros.
Em brasas dançantes de um livro em chamas,
Agora não viro as folhas, percebo que clamas.
A obra de ontem, que o tempo consome,
Transforma-se em cinza, renova seu nome.
A chama devora palavras com fogo,
Não há mais retorno, nem um breve jogo.
O passado em chamas, alimento de faísca,
Libertando memórias, numa dança arisca.
O livro queima, o saber que se esvai,
Cada página ardendo, um adeus que se trai.
O fogo zombando do medo da escuridão,
Enquanto consome a antiga lição.
Em cada cinza que voa, um novo começo,
No crepitar das chamas, um sussurro espesso.
De que agora a vida não pede permissão,
Nasce de brasas, uma nova visão.
O calor que consome o papel e a tinta,
É o mesmo que forja a jornada extinta.
O saber que se perde, o novo que advém,
Agora não viro mais páginas, sou refém
De um futuro radiante, a incógnita me provoca,
Enquanto o passado em chamas, lentamente se evapora.
Não mais preso às letras, à história que finda,
Agora escrevo a minha, na tela ainda infinda.
Autor: Eugênio Gomes Jorge.