Velhinho cansado 

Mais um ano que do fim, 
se vai aproximando. 
Está velho, acabado. 
Está roto, maltratado. 
Tem olhos chorosos. 
Peito calejado. 
À porta do ano, está sentado. 
Está só, falta 
apenas fechar a porta. 
E com a trouxa irá. 
Nunca mais ninguém o verá. 
Ficarão as lembranças. 
Do que foi triste. 
Do que não existe 
Essa porta é, 
o intervalo entre os dois tempos. 
O ano findou.  
Há um novo começo. 
Um abismo tão profundo. 
Entre a morte e a vida. 
Leva consigo. 
Choros de crianças. 
Mágoas de velhos. 
Dos novos, as indecisões.
Expectativas ilusões?
E muitas  interrogações.
Algumas alegrias. 
Muitas lembranças.
Já não leva esperanças.
Essas perderam o lugar.
Vai marcado de violências 
De vilanias e silêncios.
A crueldade do que lhe infligiram
lhe dobra o dorso.
Cruéis sombras de alvoroço.
Dói-lhe vêr 
Soldados, que marcham dos quartéis. 
A humanidade sem soluções. 
Transbordam marés de ilusões. 
Sem resolução. 
Lágrimas perdidas. 
Que já não encandeiam corações. 
E assim vai o velhinho. 
Olha para trás o coitadinho
mais uma  última vez....
tropego, alquebrado,magoado
seus olhos já pouco veêm 
Encosta a porta, 
Ela se fechará. 


De t,ta 

30-12-2007 

22,31
Tetita ou Té
Enviado por Tetita ou Té em 01/01/2008
Reeditado em 08/01/2008
Código do texto: T798788
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