Corpo fechado
Aos quinze anos, a minha vida era um favo de mel,
Aos vinte, imaginei que nunca teria fim,
Meus sonhos brilhavam e eu os carregava,
Aos vinte e cinco, flores cobriam meu caminho,
Amar era sorte, e o sexo, meu melhor esporte.
Aos trinta, ainda acreditava,
Mas com as pessoas, já me decepcionava,
Quando os trinta e cinco chegaram,
Minhas ilusões começaram a ceder,
E um novo homem começou a renascer.
Aos quarenta, me sentia pleno de razão,
Tornei-me seletivo, não cedia à paixão,
Por muitos anos, vivi seguro,
Suprimi desejos, mantive-me maduro.
Após os cinquenta, porém, ventos inesperados,
Me açoitaram e, tombaram-me, enamorado,
Foi uma tempestade,
Por um bom tempo, fiquei atordoado.
Traiçoeiramente fui sequestrado,
Perdi a razão, tornei-me um idiota,
O barco da minha vida ficou à deriva,
Ondas gigantescas me sacudiram,
No mar da ilusão, sucumbindo apaixonado.
Sobrevivi, mas as marcas permanecem,
Profundas cicatrizes em meu ser,
Essa paixão causou-me grandes estragos,
Guardo lembranças, tenho saudades,
Mas meu corpo e alma não se iludem,
Para o amor e ilusões, estão fechados.