Decadente
Dizem que há altos e baixos,
a vida como gaivota contornada
no início e no fim dos rochedos,
mas, e quando sua alma parece decrépita?
Como se peçonhentos parasitas a devorasse?
Estes são meus sentimentos no badalar das horas.
O rosto transfigurado para baixo,
um prédio de músculos demolido por exaustão,
sereno por fora, mas caído por dentro.
Os deuses dos homens me ignoram!
Sinto o vilipêndio e blasfemo
pensamento, o de deslanchar no caixão
meu corpo decadente e frio.
Vivo num mundo contrário:
o sol é negro, as nuvens pomposas são pesadas,
há corvos sem o voo de asas,
o ar queima os olhos, o crucifixo sem Jesus,
e no peito, a dor vulcânica de se pensar no amor.