Não és bom, nem és mau: és triste e humano...

Vives ansiando, em maldições e preces,

Como se, a arder, no coração tivesses

O tumulto e o clamor de um largo oceano.

 

Pobre, no bem como no mal, padeces;

E, rolando num vórtice vesano,

Oscilas entre a crença e o desengano,

Entre esperanças e desinteresses.

 

Capaz de horrores e de ações sublimes,

Não ficas das virtudes satisfeito,

Nem te arrependes, infeliz, dos crimes:

 

E, no perpétuo ideal que te devora,

Residem juntamente no teu peito

Um demônio que ruge e um

deus que chora.