O Novo Terno do Imperador
Seu nome soou amargo outra vez
Na boca de outra pessoa
Relembrando as estranhezas que pairam sobre sua aparente glória
E alargando a dolorosa distância que se abriu entre nós
O sol me aquece e a visão do mar me acalma
Mas é como se não existíssemos mais no mesmo mundo
Como se nossas realidades tivessem se dissociado
A minha, para um lugar onde o amor pode ser gentil
E a sua, tomada por jogos de poder e insossos ternos alinhados
Seus ecos ainda existem como uma conversa arquivada
E as memórias não perdem a beleza só porque o presente se despedaçou
Ainda que agora meus olhos doam com a luz de tudo que não via
E eu não possa te amar mais
Porque não posso carregar um amor que só sangra e sangra e nunca é preenchido
Eu não posso te amar mais
Porque embora nunca tenha sido meu
Agora deixou inclusive de ser seu
Perdeu-se no terno que o envolveu
Aprumado, presunçoso e esquecendo-se
Daquilo que todos que realmente importam já perceberam:
Que de todos os ternos que já vestiu
O poder foi o que pior lhe caiu