Olhos traem o coração solitário.
Mas, precisamos acreditar.
Deve haver alguma fé disponível
nas prateleiras.
Alguma sabedoria nas
algibeiras.
Lá fora, no incêndio das paixões.
As cinzas choram pelo que se foi.
Palavras afetuosas,
gestos meigos e delicados.
Convivemos e construímos...
Você estudou. Edificou-se
e as palavras secaram no deserto
da convivência.
Você construiu-se no pátio inóspito.
O que antes era tórrido
virou uma geleira
deslisando e encobrindo tudo.
Não há mais nada.
Nem reticências.
Nem esperanças
O afeto acabou.
A meiguice exauriu-se
Restou apenas uma lacuna
impreenchível...
Amores vão e retornam.
Nascem e findam
como as estações do ano.
No outono, as folhas
encobrem os rastros sujos de
drama e solitude.
Na primavera, as flores dançam
sobre a beleza pungente do amor.
Mas, o corpo abandona a alma
em seus devaneios de amor eterno e
de paixão incessante pela vida.