FÊNIX

E como um Cristo arrependido

que não foi crucificado

e morreu feliz

e farto de dias,

eu fugi do meu destino.

Perdi o rumo, saí do prumo

e em delírios de grandeza

me senti o maioral.

Pobre de mim, criança que sou!...

Foi preciso sangrar o coração

e maldizer meu próprio nome

para que, enfim, perto do fim

eu pudesse entender

que a missão é tanto maior

que quem a cumpre.

Só assim pude saber do meu lugar

debaixo do sol:

partícula de pó, que ao pó voltará...

Hoje, um outro eu ressurge

dos escombros do que um dia fui,

qual fênix renascida das cinzas:

apenas um homem feliz...