O não agrado do eu

A pior solidão de todas,

Sempre será a de não preencher,

O vazio de não ser,

Aquilo que se gostaria,

É um esforço dia-a-dia,

Uma eterna agonia,

Grande busca de querer.

Nessa busca nos perdemos,

Muitas vezes perecemos,

É demais o entristecer,

Esperamos dos presentes,

O que nós é sempre ausente,

Um esforço em merecer.

O racional tenta instruir,

E até mesmo admitir,

Que do outro não se espera,

O apagar de uma vela,

Falta amor próprio e cautela,

É o nosso sempre a ruir.

As crises e ansiedades

As tristezas e bondades,

Nada consola o meu eu.

O pensamento no fim,

Ainda que seja ruim,

Nos devora e faz lembrar,

Que algo pequeno nos prende,

Que escolhemos ser presentes

Por isso hoje escolho falar !