Veneno do piano
O efeito
Do veneno acabou,
Mas enquanto durava,
Me iludiu,
Desorientou.
Será que você pode me perdoar?
Eu era imaturo demais
Pra entender
Que o problema nunca foi você,
Mas o meu "amar".
Por que eu te deixei?
Acho que eu acreditei
Nos falsos sentimentos.
Agora sofro com meus pensamentos.
No final, o sentimento era só "amizade".
Eu abandonei a conexão,
Em busca dos olhares da ilusão,
E no final isso só me machucou.
Amizade?
Honestamente,
Não acredito que nela
Houve alguma sinceridade.
E ela mentiu,
Me disse
Que gostava de mim,
Até sorriu.
E eu acreditei,
Até mesmo me declarei.
Os seus olhares me iludiam,
Me faziam
Não pensar
Como tudo isso ia acabar.
Não me arrependo
De ter gostado de você,
Me arrependo de não ter percebido
Que estava me iludindo.
O efeito foi embora,
O veneno
Que outrora
Me satisfazia.
Agora percebo
O que eu bebia
Enquanto me iludia,
Nos banquetes da perdição,
Que leva o poeta
A escrever, na contramão.
Vaidade, vaidade,
Tudo é ilusão.
Ainda guardo
O frasco.
Ele pode me trazer
Para a realidade,
Fugir das paixões da idade.
Não quero me apaixonar,
Mas, no final,
Isso não posso controlar.
Copos e copos
De veneno
Em cima do piano.
Doce ou amargo,
Veneno sereno.
Doses e doses,
Ilusões da poesia,
Levada na alma,
Dia a dia.