Lavanda

Sensação que agora os poemas nascem tardos,

embelezar o mundo, qual maquiar um defunto;

inspiração e a mania, de nos lançar seus fardos

aquelas florezinhas que se mesclam aos cardos,

e que quando eles queimam, todas ardem junto;

Sophia já não amola, o cosmos todo, virou o fio

ferramenta ruim demanda o uso de força maior;

a santa perdeu espaços para os que a puta pariu

e onde choviam valores, grassa um intenso estio

rege a batuta perversa, do global destruidor mor;

enfim borrifar lavanda, para amenizar o ambiente

tornar suportável a estadia onde já cheira tão mal;

sempre fazendo o igual, quem apregoa o diferente

quem torce para o lixo celebra, seu time na frente

e o detergente fica prostrado, diante do sujo rival;

triste, a arte de Homero não tem mão boa pro pife

bardo vai na contramão, pelo seu ilusório conforto;

que valeria doirar botões para a farda de um patife

é insano colocar flores belas, dentro de um esquife

pra que crisântemos morram, acariciando ao morto...