REUNIÃO NO QUARTO
REUNIÃO NO QUARTO
O quarto escurecido
Pela hermeticidade das janelas.
O mofo cheirando forte,
Dilatando nossas narinas,
Dilacerando nossos estômagos.
Todos respirando o mesmo ar,
Contaminado e nauseante.
Nossos corpos suados e pegajosos,
Cheirando mal pela decomposição.
O sofrimento aumentando, e
Todos sorrindo, gargalhando.
O nervosismo tomando conta,
Contagiando a todos,
Tornando-nos seres ignóbeis,
Sem nenhuma esperança,
Prestes ao desaparecimento.
Queríamos falar
Mas de nossos bocas
Saíam apenas sons guturais,
Ininteligíveis e hediondos, sem nexo.
Nosso hálito era fétido,
Se misturando com o ar
Do quarto escurecido,
Onde todos morriam,
Gradativamente, sem perdão,
Sem se darem conta,
Pela própria incompetência
De serem SERES HUMANOS.
( poesia escrita em 03/03/1983)