MOMENTO DE DÚVIDA

Pedrinho Sampaio

Em: 09/79

Acaso não sou tão inerte como uma pedra?

Por que então, não deverei rolar pelo mundo

E aprender as doires que ele me revela em silêncio?

Eis então minha surpresa em minha resposta

Porque sou fraco... sou lerdo... sou... simplesmente eu.

Isso, porém, não me torna menor que uma pedra

Se isso não me torna menor, incônscio, me torna algo...

Me torna pelo menos Pedra.

OH DEUS!

O que há nesse mundo teu que não me é permitido saber?

O que há nesse teu mundo que não possa eu desfrutar?

Mesmo assim, não consigo...não posso...

Não consigo ver a diferença entre o teu mundo e eu.

Sou apenas uma pobre pedra.

São pequenas faces e grandes os muros,

Muitos gerânios e poucos frutos

Muitas prostras e poucos cultos

Muitos anos de luta... e guerra... e cansaço... e medo e amor... e paz.

Não é dentro de mim que se encontra o verme,

mas dentro dele, o mundo... O TEU MUNDO!

O Verme do mundo sou eu.

E assim como sou, não sou prático.

E assim como sou o prático do mundo, sou o verme.

Incontidamente me procuro nos altos montes e escravizo

Ainda assim não sei qual a forma de me acercar das coisas

Inúmeras vezes me desgraço nas destruidoras mulheres de Vênus

E ainda não posso ser como o próprio verme

Em incontáveis viagens ao Além me destino aos Céus e TE procuro

Mesmo assim não posso me acercar de TI

Não sei qual a forma de chegar até os teus planos.

Imprecar-me de tais ensejos, nem mesmo os descártedes celestes fariam

Mas a minha inconsciência fria e minha nudez pálida me arrastam

E uma vez... apenas uma única vez... na vida,

“Gôro” as lágrimas de dor por mim.

Pedrinho Sampaio
Enviado por Pedrinho Sampaio em 23/10/2023
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