Desbotado
Desbotaram-se as horas num ar silêncio sepulcral
Elas foram se perdendo uma a uma,
Sem trégua, sem fim.
Desbotaram-se e sem a cor do dia restou o cinza do medo que teimoso estancou.
Foram-se as horas perdendo cores pelo caminho.
E na bifurcação da estrada o confuso perdeu-se do amor e quedou.
Caiu na armadilha do querer demais, arriscando tudo. Faliu-se, falhou, feiou-se na dor que escorria da face.
As horas sem cor e sem fé, tornara-se mortas no dia. Foi choro quem as fez desbotar.
Lágrimas de sal, caíram em cascata desbotando os sentidos e as horas mergulharam nesse pranto.
O dia das horas eternas sem cor, marcou o tempo da vida... horrendo e cético, foi-se o bem querer do afeto que era, ficou ali, no lugar, o desbotado frio sem ternura alguma.
As horas desbotadas sugaram do dia a luz tremulante e a sombra existiu.
Adeus amor, eu fui embora... deixei você sem tom, sem matiz, sem neon. E daquele dia sofrido o que restou vai sumindo num pó que esvoaça...
Se perde no nada, se esquece de tudo e gera o desgosto da vida sem cor.